terça-feira, 4 de agosto de 2009

O MAPA DA MEMÓRIA

O Panorama cultural no ocidente, depois da Segunda Guerra Mundial, trouxe transformações a vários níveis, quer a nível laboral, quer a nível da visão da própria cultura.
Alargou-se o conceito desta, por via da exigência da produção dos novos sistemas laborais. Os bens e serviços foram absorvidos pelas indústrias culturais, aumentando o leque de ofertas, permitindo, simultaneamente, o acesso e a livre circulação do produto cultural. Pela primeira vez foi considerado imprescindível normalizar e formar públicos, contrariamente outras indústrias surgiram, como alternativa à comercialização agressiva do “boom” de produtos culturais, dos quais a indústria cinematográfica protagonizou um papel preponderante, com a emergência, cada vez mais visível, do cinema de autor.
O projecto-jogo “Mapa da Memória” nasceu da osmose da análise do projecto, em si, mas sobretudo da visão prática da produção e dos mecanismos de acção de instituições independentes. Assim ele foi pensado na confrontação das suas fraquezas, obrigando-me a um constante exercício de mobilidade, sendo obrigada a sair de dentro do projecto, para que o distanciamento me permitisse vê-lo no seu todo.
Os esquemas de percepção, através da acção e da verificação, ocupam-se, necessariamente, da recepção. São, pois, instrumentos pragmáticos e neste sentido o distanciamento contribuiu para, segundo os graus de intimidade com ele, clarificar a sua função, submetendo-o às expectativas do receptor. Mas a finalidade tem de contemplar a importância de uma reavaliação constante, abrindo-o a novas experiências. Ter presente a que tipo de públicos ele se destina é tomar conhecimento da natureza socializadora prevista para um projecto.
Tratando-se de um projecto de criação, a sua adaptabilidade deve facultar-lhe a vocação da transgressão, deixando-o, por isso aberto, ou seja, em estado de inacabado, possibilitando-lhe a maleabilidade da sua reconversão.
Foi assim que o Jogo da Memória foi concebido, será assim que ele se disponibiliza à sociedade.

Isabel Monteverde 2008-09-28

Acerca de mim